quarta-feira, março 31, 2004

Anedota

Um grande amigo meu, pediu-me para publicar aqui no meu blogzito, um texto escrito por ele e que serve de chamada de atenção e ao mesmo tempo de protesto sobre a policia e a vida que temos de enfrentar quando saimos à noite simplesmente para nos divertirmos um pouco e acabamos numa situação como a que ele viveu e que infelizmente se repete todos os dias. Como te entendo meu amigo...Liberdade era quando se podia andar descansado na rua a qualquer hora...Como forma de expressar o meu apoio, aqui publico o teu texto, F.

« Como começar… Para dizer a verdade, parece-me tudo tão ridículo que dá mais um ambiente de anedota do que mais própriamente um relato de factos reais… Enfim, talvez pelo princípio não fosse má ideia.

Na madrugada de 31 de Março, estava eu a curtir muito bem uma noitada, como já não fazia há muito tempo. Um amigo havia-me convidado a ir com ele e mais uns (e umas) colegas, para uma farrazita. A noite começou bem, num bar de shots onde se bebeu uns copos e se trocou umas piadas, umas histórias e se tirou bastantes fotos para a posteridade ver as loucuras da nossa juventude; tudo sem excessos claro. Mas como só de copos e conversa não vive só a alma, resolveu-se ir até ao Dock’s (que não gosto da discoteca, mas como o grupo era porreiro, dava para se fazer a festa entre nós), e dar um pézinho de dança… A rapaziada era porreiríssima, as raparigas simpatiquíssimas, a noite estava cinco estrelas. E para se acabar em beleza, por volta das 5 da matina, toca que ir comer um pãozinho com chouriço ao “O Saloio”, na 24 de Julho.
Quando lá chegámos, topámos um grupo de pessoal que não inspirava confiança o que já de princípio nos deixou de pé atrás, mas infelizmente não podíamos mudar de sítio, porque só havia um carro e haviam três rapazes que vinham a pé da discoteca ter connosco porque já não cabiam no carro.

Resumindo…

Começaram a armar confusão connosco mal chegaram os outros três rapazes (sem provocação, note-se), ameaçaram de pancadaria em frente ao estabelecimento, mas no meio da berraria, um de nós conseguiu enfiar-se no carro e ligar às escondidas ao 112 e pedir assistência policial urgente… Cerca de 15 minutos depois, connosco a manter sempre uma postura passiva, passa um carro-patrulha muito plácidamente do outro lado da rua, o que leva o grupo a dispersar-se. Nós achámos por melhor aproveitar a deixa e abandonar imediatamente o lugar, infelizmente, seguiram os três rapazes e tentaram assaltá-los, desses três rapazes um levou uma murraça em cheio na cara, outro levou umas biqueiradas em cheio no abdómen; o terceiro, foi pedir auxilio à polícia que não fez por se despachar e prestar apoio.
Agora prestem atenção porque aqui é começa a piada:
A polícia, enquanto foi gozada e espicaçada pelo tal grupo, limitou-se a tomar notas e queriam ir-se embora, deixando os nossos amigos ali sem apoio nenhum e nem levando os arruaceiros para a cadeia… Aliás, falámos pouco porque já estávamos a ver que quem ia preso éramos nós. Depois de muito paleio um de nós disse:
-Muito bem. Vocês não os levam presos..?
-Não.
-Mas ao menos podem levar os nossos amigos com vocês para a esquadra? Assim passo mais logo por lá para os ir apanhar depois de “esvaziar” o carro.
-Hmmm… Ok. A gente então leva-os.

Fomos embora, e começou a distribuição das pessoas nas respectivas casas. Cerca de 15-20 minutos depois, recebemos um telefonema desses nossos amigos a dizer que os polícias os “despejaram” em frente à estação de Metro do Cais do Sodré, com a desculpa que a estação abria às 5h30 (mentira, só por volta das 6h15). Portanto, não levaram os arruaceiros presos e descartam-se das vítimas a uns meros 100 metros do local onde ocorreram as agressões. Bonito, hein? Só sei que foi uma sorte não ter havido problemas entretanto nos 30 minutos que demorámos a voltar a ir ter com eles… Por fim acaba-se por ficar mais revoltado com a própria polícia do que com que fez porcaria.
Quer dizer, se é para isto que pagamos impostos, se é isto que se considera um serviço de segurança público, então perdi toda a vontade de continuar português… Quer dizer, sei por fonte segura, que os polícias trabalham em condições de trampa, têm de pagar o seu próprio equipamento, os criminosos têm mais e melhores direitos do que as vítimas ou testemunhas, só para não falar na ausência de um programa de protecção às vítimas contra retaliações. E porquê? Porque a actual legislação (que não é reformulada desde antes do 25 de Abril), considera os criminosos como sendo de cariz político. Gozam com a nossa cara, só pode… Não se pode mais ir a lado nenhum na rua, não se pode andar descansado na bela cidade que temos, e tudo porque temos uma merda de geografia social… E porquê? Porque o nosso país está na mão de incompententes, porque os nossos políticos não vivem a vida de um cidadão normal e estão isolados numa redoma de uma vida pseudo-burguesa. O que me leva à conclusão de que precisamos de sangue novo na política portuguesa, a não ser que os filhos destes nossos bem-amados políticos sejam assaltados ou agredidos, e aí talvez as coisas mudassem a nosso favor; pois não vejo outra forma de vos chamar a atenção.

Deixem-se de merdas e façam finalmente o vosso trabalho…

Atenciosamente,
Um Cidadão Preocupado. »

terça-feira, março 30, 2004

#41

« Come see,
I swear by now
I'm playing time against my troubles, oh
I'm coming slow, but speeding.

Do you wish a dance?
And while I'm in the front,
My play on time is won.
Oh, but the difficulty's coming here.

I will go in this way
And I find my own way out.
I won't tell you to stay, oh no...
But I'm coming to much more.

Me...

All at once the ghosts come back
Reeling in you now.
Oh, What if they came down crashing?
Anyway, we used to play
For all the loneliness that nobody notices now
Begging slow I'm coming here.

Only waiting.

I wanted to stay.
I wanted to play.
I wanted to love you.
I'm only this far
And only tomorrow leads the way.

I'm telling you... waltzing back and
Moving into your head.
Please.
I wouldn't pass this by.
Oh no, but I wouldn't take more than I need.
What sort of man goes by?
I will bring you water.
Why won't you ever be glad?
It melts into wonder
I came and I'm praying for you.
Why won't you run into rain and play?
And let tears splash all over you »

Dave Matthews Band - #41

quinta-feira, março 18, 2004

A gente vai continuar...



" Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar.. "

Jorge Palma - « A gente vai continuar »

Jorge Palma é um mito para mim...é aquela pessoa que diz da maneira mais bonita possivel o que nos atormenta a alma, os pensamentos...É realmente uma viagem na palma da mão. Como alguém um dia disse, "em Jorge Palma sobressai a capacidade de redescobrir a música, de criar uma forma atraente, de exibir sentimentos, explorar emoções, e cativar sempre mais gente, a acompanhar a sua solidão junto ao piano, num misto de querer estar só, mas com todos os outros".

quinta-feira, março 11, 2004

Last Goodbye....



This is our last goodbye
I hate to feel the love between us die
But it's over
Just hear this and then i'll go
You gave me more to live for
More than you'll ever know
This is our last embrace
Must I dream and always see your face
Why can't we overcome this wall
Well, maybe it's just because i didn't know you at all
Kiss me, please kiss me
But kiss me out of desire, babe, and not consolation
You know it makes me so angry 'cause i know that in time
I'll only make you cry, this is our last goodbye
Did you say 'no, this can't happen to me,'
And did you rush to the phone to call
Was there a voice unkind in the back of your mind
Saying maybe you didn't know him at all
You didn't know him at all, oh, you didn't know
Well, the bells out in the church tower chime
Burning clues into this heart of mine
Thinking so hard on her soft eyes and the memories
Offer signs that it's over... it's over

Jeff Buckley was born in California's Orange County in 1966 and died in a tragic drowning accident in Memphis on May 29, 1997. He had emerged in New York City's avant-garde club scene in the 1990's as one of the most remarkable musical artists of his generation, acclaimed by audiences, critics, and fellow musicians alike. His first commercial recording, the four-song EP Live At Sin-é, was released in December 1993 on Columbia Records. The EP captured Buckley, accompanying himself on electric guitar, in a tiny coffeehouse in New York's East Village, the neighborhood he'd made his home.

"I couldn't awake from the nightmare/It sucked me in and pulled me under/pulled me under/Oh, that was so real ..."

R.I.P

quarta-feira, março 10, 2004

Portugal: Pessimismo e Pedofilia

Este texto não foi escrito por mim ( os textos escritos por mim têm o meu nome no fim ), mas achei que é uma belissima dissertação sobre o Portugal em que vivemos no ano de 2004. É um artigo do jornal "Pravda" da Federação Russa, ou então não, secalhar fomos enganados e é escrito por um qualquer pseudo-inteligente-revolucionário-de-t`shirt-do-Che Guevara-pró aborto-e pró-drogas-leves do Bloco de Esquerda. Mas vou confiar e acreditar que foi realmente um jovem Russo, a estudar em Portugal que o escreveu....é um pouco longo mas acreditem em mim: vale a pena fazer um pequeno esforço e ler...


« São dois os principais problemas de Portugal: os poucos pessimistas profissionais, que passam a vidam a contaminar o resto da população, e uma governação inadequada, ineficiente, ineficaz e fora de contacto com a realidade no país. Que Portugal e os portugueses têm inegáveis qualidades, não hajam dúvidas. Não é por nada que Portugal é um país independente e a Catalunha, a Bretanha, a Escócia e a Bavária não são. Não é por nada que o português é a sétima língua mais falada no mundo, a frente do alemão, do francês e do italiano. No entanto, estas qualidades precisam de ser cultivadas por quem foi eleito para liderar e dirigir o país. O que acontece é que nem agora,nem por muito tempo, Portugal tem tido líderes dignos do seu povo, capazes de liderar a nação, realizar os projectos que foram escolhidos para realizar. O resultado é uma onda de pessimismo, no meio dum mar de desemprego, desinteresse e desorientação que serve de combustível para a economia emocional não funcionar, aquela economia que é tão importante quanto a economia das quotas de oferta e procura. A consequência é uma retracção não só da economia mas também do psique da sociedade, com uma introversão patológica a manifestar-se no escrutínio colectivo do umbigo nacional, ou um pouco mais abaixo. A não-história da pedofilia, já uma psicose nacional, é um belíssimo exemplo de até onde pode chegar uma sociedade quando nem é orientada nem estimulada a pensar em horizontes mais saudáveis. Há mais que um ano, a imprensa portuguesa regurgita a história do abuso sexual de meninos do orfanato/escola Casa Pia, apontando nomes sonantes da vida pública que nem têm lugar aqui, visto que até ser provado ao contrário, uma pessoa numa sociedade civilizada, é considerado inocente. Na busca de quem foi ou quem não foi, deu origem ao levantamento na praça pública duma lista substancial de nomes do mundo artístico,desportivo, e político, aos mais altos níveis. Não é a causa do pessimismo em Portugal, mas espelho dele. A noção que "nós não prestamos, somos os coitadinhos da Europa e a alta sociedade é podre" se ouvia nos finais dos anos 70, desapareceu e com a não governação do primeiro ministro José Barroso, voltou. Está tangível, quanto mais para um estrangeiro que ama e estuda este país há 25 anos. Outra manifestação deste pessimismo é a negatividade ao nível das conversas nos cafés (inaudíveis nos claustros de cristal onde pairam os governantes do país) acerca dum evento que a priori é a melhor hipótese que Portugal alguma vez tem tido para se projectar na comunidade internacional ? o Euro 2004.
O Euro 2004 é o ponto desportivo mais alto na história quase milenar de Portugal. É um dos três mais vistos eventos televisivos no mundo e é uma excelente oportunidade de enterrar de vez a falácia que Portugal é uma província espanhola. Mas o quê é que acontece? Enquanto o resto da Europa se prepara com entusiasmo para o Campeonato da Europa em Futebol, se ouve em Portugal por todo o lado que os estádios não estão preparados, ou que não são seguros, ou que os aeroportos não estão adequados ou que vai haver problemas com hooliganismo ou com terrorismo. Disparate! Ou pior, uma vergonha, por quem perpetua este tipo de lixo que se chame notícias por aí. Para começar, os estádios estão tão prontos que já se joga futebol neles. Segundo, as normas de segurança têm de obedecer rigorosíssimas normas de controlo estipuladas pela inflexível UEFA. Terceiro, os aeroportos têm dos sistemas mais avançadas de controlo de tráfico aéreo, total e completamente integrados nos da União Europeia e mais, os adeptos não vão todos chegar no mesmo dia, nem todos de avião. Quarto, quando os bilhetes foram vendidos na Internet, foi consultado a base de dados proferido pelas forças policiais dos países presentes no Euro 2004. Quinto, Portugal é alguma vez um alvo para ataques terroristas, desde quando? Só se fossem as FP-25 de Abril.
Porém, onde estão as autoridades a explicarem a verdade, a estimular a população, a instalar o optimismo, não só para o Euro 2004 mas para galvanizar a economia, a liderar o país? Exactamente onde estiveram, estes ou outros, quando os interesses dos portugueses estavam a ser vendidos por um preço barato, o que levou gradualmente à situação actual em que uma família portuguesa gasta substancialmente mais do seu ordenado em necessidades básicas do que no resto da Europa. Não se admite que num supermercado espanhol, se encontra exactamente os mesmos produtos bem mais baratos do que em Portugal, não se admite que no Reino Unido o cesto básico de alimentos custa bastante menos, quando se ganha cinco, seis ou sete vezes mais. Há duas semanas, vi três restaurantes no centro de Londres com a cartaz "Comam o que quiserem por £5.45" ?9 Euros, ou um pouco menos. Os portugueses gastam uma fatia tão grande do seu ordenado em mantimentos fundamentais que não há capital disponível para os serviços, restringindo a economia a um modelo básico e muito primário. Se bem que Portugal é um país pequeno, também é a Bélgica, a Dinamarca, os Países Baixos, o Luxemburgo, a Suiça, a Irlanda. Estes países têm um plano de médio e longo prazo e nestes países ganham os lugares de destaque pessoas competentes e devidamente qualificadas e formadas. Em Portugal, o plano é ganhar as próximas eleições, ponto final. O que acontece depois? Há uma onda laranja ou cor-de-rosa a varrer o país e ocupar todos os quadros altos e médios, seja em ministérios, em faculdades, em firmas, até em hospitais. O grande plano é, quanto muito, de quatro anos, o que explica a pequenez de pensamento e a falta de visão personalizada por uma ministra das finanças que trata a economia do país como se fosse uma dona de casa maníaca, que, munida com uma tesoura gigante, tenta transformar um lençol de cama de casal numa bata para uma boneca diminuta?corta, corta, corta. O resultado disso tudo é o que se vê: desempregados à espera de desemprego durante
largos meses, não semanas, sem receberem um tostão do governo que elegeram para os proteger. Quão conveniente por isso que o país fale de pedófilos e não da economia, do emprego, da falta de poder de liderança deste "governo" PSD/PP, da ausência duma cariz democrático, ou social, ou popular, da ausência do contacto ou calor humano destes, que foram eleitos para proteger seus cidadãos. O que fizeram? Absolutamente nada. Lamentaram que o país era um caos, e se calaram. Então, onde estão as
políticas de salvação? Portugal está, e por muito tempo tem sido, liderado por uma argamassa de cinzentos incompetentes que venderam os interesses do país irresponsável e negligentemente para fora. Portugal precisa de quem tenha o brio e a chama suficiente para incendiar a paixão do povo deste país lindo, desta pérola do Atlântico, de ajudá-lo a ir ao encontro dos seus sonhos, acreditar em si, redescobrir as suas consideráveis qualidades e colocar Portugal num lugar de destaque entre a comunidade internacional. O leitor pode apontar quem tenha feito isso nos últimos anos? O José Durão Barroso está a fazê-lo? Caso contrário, se não descobrir, e rapidamente, quem for competente para governar este país, os projectos audazes e brilhantes, que vão de mãos dadas com o espírito e a alma portuguesa, como por exemplo a EXPO 98 e a EURO 2004, ambos com uma gestão excelente e uma preparação de que poucos países poderiam gabar-se, perder-se-ão no mar de lamúria de assola Portugal.
Francamente, a paciência dos que tanto lutaram para fazer qualquer coisa deste rectângulo atlântico, começa a esgotar-se. Já que gostam de dizer que quem não está bem deve mudar-se, começa a ser uma excelente ideia. »


Timothy BANCROFT-HINCHEY
Director e Chefe de Redacção
PRAVDA.Ru Versão portuguesa

P.S: Thanks to F.

segunda-feira, março 08, 2004

Haunted Home...

"Haunted Home" - " Esta é, provavelmente, a música mais comprida do disco. Quando a fiz tinha a ideia de fazer um tema que fosse o arquétipo de uma discussão entre duas pessoas, que começasse como se nada se passasse e que subisse de uma forma muito intensa para o culminar da discussão e que depois tivesse a sua conclusão. É, talvez, uma tentativa de ilustrar musicalmente como se sente o desenrolar de uma discussão, com os braços no ar, com as vozes a subir e a descer. " - David Fonseca

" you want to drink my soul
´till your heart is full
what happens when it`s full and it splashes?
you`ve built all these rooftops
and painted them all in blue
if all this set just burns up will you paint the ashes?

Do you really want to see?
because i`ll let you in
with me

you shiver when the wind blows
through doors that lost their keys
there`s to little to rescue, too little to hang on to
i thought that maybe we could try to
clear and rebuilt this haunted home
i`ll be glad to help you just tell me what to do

why don`t you tell me what to do?
maybe you`re scared to
i`ve been there before
next thing you`ll see
you`ll feel
so small

I will disappoint you
and i don`t care if i do
i belong to those who got shattered, battered
bruises and scares that i`ve hidden you could never heal
this grey house where i come from
some great love will tear it down
if you no longer love me why should it matter?

Tell me why should it matter?
i can`t ask you to stay
i can`t find words to say
why don`t you just leave

Just leave... "

sexta-feira, março 05, 2004

O beijo...

O cenário é Lisboa, com as suas casas antigas, os miradouros, os candeeiros de ferro, as ruas estreitas e íngremes, os bancos de jardim, as escadinhas, os eléctricos, a silhueta da ponte ao longe. É a Lisboa típica mas também a do Parque das Nações, a Lisboa com Tejo e tudo. E nessa cidade que os poetas compararam a uma mulher, o Amor toma subitamente conta dos seres e das coisas, como se fosse uma evidência a quebrar o cinzentismo, uma libertação que rasga a mordaça da rotina. Os amantes de sempre e os namorados de agora abraçam-se, acariciam-se, tocam-se, beijam-se. As paixões – constantes ou efémeras – ganham corpo, alargam o cerco da ternura... e Lisboa é a cúmplice...

E o beijo ? O q é o beijo ? o beijo é uma forma de viagem, um fio de luz a abrir caminhos até ao coração... um risco de metal através da paisagem e o tempo suspenso da espera. E nunca te esqueças do que te digo: é no beijo de despedida que começo a regressar... E ninguém nos disse que era fácil estar longe. E não é. Não é mesmo. Começo a pensar que o metro e os autocarros foram monstros inventados para me separar de ti, do teu olhar, do cheiro doce dos teus cabelos. E eu não consigo iludir a tristeza quando te vais embora... e mesmo pensando que distância alguma pode quebrar o que nos une, sei que isso também é mentira. Porque um minuto depois da porta do autocarro fechar e o facto de pensar em ti, de olhar em volta e só conseguir ver o teu rosto, desenhado nas paredes, na água do Rio, nada disso compensará o não poder tocar-te, o não poder beijar-te e dizer-- te palavras secretas ao ouvido...
Nada nos separa do mundo, nem o azul do Tejo que por vezes observamos. Mas é como se estivéssemos longe de tudo, a pairar num céu de nuvens sobre a terra, quando a tarde, imóvel, nos protege. Talvez por saber que as nossas bocas são o centro do universo...
Um dia alguém disse que “ o amor era como a água, uma coisa bela e essencial mas que não conseguimos agarrar “. E essas palavras estão dentro da minha cabeça até hoje...tendo quase a certeza que só alguns o sabem agarrar... Mas meu amor, isso de nada importa. O beijo... o beijo é a flor de claridade nos teus lábios.
É engraçado ver como o tempo passa... olhar para trás e recordar aqueles momentos nos jardins em que sempre que víamos um casal de namorados aos beijinhos no banco, nos escondíamos e ficávamos a espreitá-los, cheios de raiva por ainda não sermos crescidos. Mas agora já somos nós que damos aquele beijo...

Eu andava um pouco perdido no meio da multidão. Lúgubre, ofuscado. Caminhava sem saber bem para onde, um passo depois do outro, apenas porque não me deixavam ficar no mesmo sítio. Conhecia todas as sombras, todas as ilusões. Mas depois qualquer coisa estalou, com estrondo, nesta esfera negra e fechada que era a minha vida. Não desceram anjos do céu, nem luz divina. Nada de milagres, nada de metafísica. Foste simplesmente TU. Limitámo-nos a olhar um para o outro. Foi só isso. O olhar. A incógnita que falta na fórmula da gravitação universal. Deu-se então o inevitável: a aproximação dos corpos, a busca da harmonia. E há tanto tempo que isto estava para acontecer...
E neste Amor, todos os dias, teremos saudades deste dia. Lembraremos a cor do céu, as nuvens negras, a quase vertigem. Lembraremos o piar das gaivotas junto ao Rio, o ruído da multidão. Lembraremos todos os pequenos passos, as palavras ditas, os obstáculos. E as leis do acaso, tão subtis, conspirando o nosso encontro. Lembraremos a brisa salgada, o beijo – esse beijo – a marcar o momento em que tudo é possível. Este momento...

Já conheço de cor a tua pele, os teus olhos, a pequena curva do teu queixo... mas, eu não sei quanto tempo pode durar o Amor. Olho para trás e vejo o destino ( ou lá o que é) a brincar connosco, fazendo de nós marionetas ou anjos... Quanto tempo pode durar o Amor? Sem uma palavra , dizes que é o tempo todo, a eternidade. Eu não sei, mas tu beijas-me de novo – e de novo o beijo, o teu beijo - e eu acredito que sim, que o amor pode durar o tempo todo, a eternidade.

TiAgO

quinta-feira, março 04, 2004

She is so beautiful...

She is so beautiful
I've got no words to describe
The way she makes me feel inside
I'm flying solo
As free as light as a bird
yet I could lay my wings down in a moment
To guard and comfort her

She is so beautiful
light-filled, loving and wise
Laughter dancing in her eyes
all my road is before me
And I never did plan on a wife
yet she's the most beatiful soul
I ever have met in this life

For she is like a song
she is like a ray of light
She is like children pRaying
like harps and bells and cymbals playing
And she is like a wind
moving, soothing, bringing joy
And here am I, destroyed
she is so beautiful
I don't know what I'm going to do when I leave
except grieve

« The Waterboys »

100 anos sem solidão...

Sou um filho da Luz...Benfica é uma palavra mágica que me faz tremer, que me faz ter uma invasão de sensações. Sou um Benfiquista apaixonado e não um Benfiquista fanático. Apaixonado pelo encarnado ( nunca o vermelho ) sensual, intimista e ao mesmo tempo agressivo das " camisolas berrantes ".
Nestes 100 anos de lenda, relembro os meus 23 anos de benfiquismo. Relembro a minha primeira ida ao futebol onde durante muitos anos, nos jogos à noite, adormecia, mas voltava sempre a insisitir para voltar. Nos jogos à tarde, levava o meu lanchinho, o meu boné vermelho e lá me sentava no velho 3º anel, sempre muito discreto, muito sofredor e sempre sem ouvirem uma palavra minha que fosse durante o jogo. A timidez de criança assim o ditava. Mas nunca perdi a vontade de ir aos jogos. Muito pelo contrário! Nunca admiti falhar um jogo ao domingo à tarde ou de semana à noite e quando isso acontecia chorava...como chorei por não ter ido assistir à meia-final da então Taça dos Clubes Campeões Europeus contra o Steaua Bucareste em 1988, ou no jogo contra o Marselha em 1990, tudo porque eram jogos de alto risco e eu não tinha idade para ir.
Uma vitória do Benfica anima-me mais do que uma mão cheia de anti-depressivos e nas derrotas a solidão dá ao amor ao clube uma expressão infinita e incondicional.
O dia 22 de Março de 2003 é um dos dias mais tristes do meu Benfiquismo. Foi o dia do adeus à Catedral, à velha Luz, à minha 2ª casa. Saí de lá eram 3h da manhã. O ar húmido daquela daquela noite fria de Março será inesquecível. No último olhar, foquei o 3º anel, a piscar o olho debaixo do fumo que restava do fogo de artificio, onde aprendi com o meu Pai a viver a paixão do futebol e a ser exigente. Vi tudo em segundos! Vi-me menino de 4 anos na velha bancada de granito, a comer o meu lanche, sentado na almofada encarnada, um pouco assustado com os gritos sofredores do Carvalho, amigo e companheiro de jogos do meu Pai durante muitos anos. Vi o filme da nação Benfiquista, cresci para a vida ali dentro, duas vezes por mês, época após época,titulos atrás de titulos. O fechar de portas da velha Luz era o fechar de um ciclo na vida do Benfica e na minha vida...
Lembro-me de chorar escondido, depois do penalty falhado pelo Veloso em 1988 contra o PSV na final da Taça dos Campeões Europeus como se tivesse sido eu a falhar. Lembro-me do estremecer do estádio com a entrada da equipa, do sismo de alegria que significa cada golo na alma de um Benfiquista.
E dia 25 de Outubro de 2003 aconteceu magia, esplendor, mistura de sentimentos como ilusão e esperança. A Nova Catedral ali estava aos meus olhos! Bonita mas ainda vazia de vitórias, de alegrias, de titulos, de mistica Benfiquista. Apesar de tudo foi com os olhos arrasados em água que ouvi as palavras de Fialho Gouveia:
" (...) vivemos muitas alegrias nas bancadas do teu Pai, que viveu até à bem pouco tempo aqui ao lado. Vezes sem conta emocionámo-nos até às lágrimas, eufóricos, loucos de felicidade. (..) apetece-me lembrar o poeta e dizer que se lá no assento eterno, onde subiram os grandes Benfiquistas do passado, memória desta vida se consente, eles estão aqui presentes, num 4º anel que não vemos nem sentimos e olham para esta obra felizes e orgulhosos. Jovem e querido estádio, que sejas muito feliz, pelo menos tanto quanto foi o teu Pai e que no encarnado vivo das tuas bancadas e nos teus arcos triunfais corra sempre o sangue da raça e da glória! Viva o Benfica!! " Naquele momento agradeci mais do que nunca ao meu Pai ter-me feito no Benfiquista que sou.
Agora, no ecrãn gigante do meu Benfiquismo, vejo a imagem do Rui Costa a chorar quando marcou um golo no Estádio da Luz pela Fiorentina; o golo do Vata com a mão, os 2 golos do Rui Àguas ao Steaua e os 3 golos do mesmo Rui Àguas ao Porto naquela tarde de Janeiro de 1987, com 135 mil pessoas na Luz e eu estava atrás da baliza onde ele marcou 2 desses 3 golos,no topo sul. E que dizer daquela noite dos 6-3, dos 4-1, do golo do Sabry, todos em Alvalade. E dos 2 golos do César Brito nas Antas? Momentos históricos onde a força única de um Benfica unido venceu tudo e todos. E o último golo na Luz...Simão ganhou um lugar na minha memória eterna. Agora, recordo com saudade as glamorosas noites europeias onde o 3º anel parecia transmitir aos jogadores um apelo vindo da alma.
Mas ser Benfiquista é viver muitos momentos menos bons e alguns tristes. Como aquele verão de 1993 onde eu nem queria acreditar quando via Paulo Sousa o Pacheco a chegar a Alvalade no Mercedes de Sousa Cintra com a camisola do Sporting vestida. Ou mais recentemente ver um jogador do benfica cair e morrer em campo, perante os olhos do mundo em directo. Miklós Féher deixou-nos um sorriso, o sorriso com que vamos enfrentar o futuro e vencer as tormentas em que temos vivido nestes 10 anos. Os últimos 10 anos têm sido obviamente dificeis, mas o ressurgir parece tar para breve e o futuro é hoje. Muita gente critica as camisolas do centenário do Benfica. Tem alguma importância o equipamento do centenário? tem toda! Porque o futuro é a história e ela está ali para quem joga e para quem os vê jogar.
Sou do Benfica e isso me envaidece...

TiAgO