Quando era mais novo, a escrita era o meu refúgio. Linhas e linhas de desabafos. Era com cada linha do caderno que eu falava cada problema da minha vida. Com o passar do tempo, o caderno começou a ser substituído pelo computador. E pelo blog. E pela vida mesmo. Porque foi apenas com a própria vida que comecei a desabafar. No carro a conduzir sozinho e a falar como volante. Na rua a olhar para o chão e a pensar em tudo que se passa. Senti falta de escrever e acho que devo isto ao meu blog. Ao longo destes anos tenho sido fiel. Não me rendi a redes sociais e continuo a ter aqui o meu ponto de passagem apenas para quem quiser. Não gosto de obrigar ninguém a ver o que penso, o que digo, o que gosto, o que vejo. Prefiro que as pessoas se dirijam aqui por vontade e curiosidade própria. É mais recompensador. Mas hoje em dia ando destruído por dentro. A vida nem sempre é como queremos. Parece a mais básica das frases e secalhar até é. Mas também é muito verdadeira...
Reparo para mim mesmo que ando a ver a vida e o futuro a fugir-me debaixo dos pés. E às vezes nem dou por isso...São 3h03 da madrugada de domingo para 2ª. Entrei no trabalho pelas 15h e saí de lá era 1h30. E quando cheguei ainda vim trabalhar algumas coisas em casa. Aqui no mediaplayer rola a "build a home" da Cinematic Orquestra. Música triste, até deprimente, mas que é o que eu sou agora. Ás vezes não conseguimos ver como, pessoas que gostam de nós, nos querem apenas bem e aquilo que nos dizem é para nosso bem. Fazemos um esforço, tentamos, mas acabamos sempre por voltar para o nosso barco e deixar aquele porto de abrigo que nos podia dar a tranquilidade para a vida. Sinto que fiz isso. Sinto que fui algumas vezes ao meu porto de abrigo, um porto excelente, com tudo de bom, acolhedor, que me queria bem e me dava tudo para eu ficar, mas eu insisto em voltar para o barco. Em desaparecer por alguns tempos, em ir enfrentar tormentas, virar o barco, voltar a colocá-lo para cima, coisas que quando parto me parecem simples mas depois quando estou lá...pura e simplesmente pergunto se valem a pena. E fazem-me pensar no tal porto de abrigo que deixei. E no quanto esse porto sofre com a minha ausência. E no que faz sem mim lá. E se acredita que volto e que fico...ou há conformismo com a ideia de que a cada regresso, há uma partida de novo marcada...
A minha vida chegou a um ponto complicado. E percebi isso hoje. E porquê? Porque ando a viver a mil. Porque como alguém diz, tento apanhar este mundo e o outro e no fim, não tenho o meu mundo porque o vou perdendo aos poucos...se é que não o perdi mesmo. Não consigo entender se isto que faço é um erro, um esforço, um sacrifício, uma tristeza ou se é a minha luta, um exemplo, uma batalha para ganhar um guerra. Não sei...sei que neste momento ando há 4 dias a tentar tempo para sequer...fazer a barba. Sim, simplesmente fazer a barba... É sair de um lado, correr para outro, deitar, dormir umas horas, deixar dormir de manhã e ir a correr e começa tudo de novo...não há qualquer teatro nisto. É a minha vida mesmo. E por isso mesmo, não posso censurar quem me culpe da sua infelicidade, quem me culpe de não contribuir para uma melhoria de vida. Não posso censurar os meus amigos que mal me metem os olhos em cima. Os amigos a quem nego 5 vezes seguidas café porque...não tenho tempo. Os amigos que têm filhos e "ainda não vieste ver a bébe...". Os amigos com casa nova e que eu ainda nem sei onde é. Os amigos que não vejo há anos e a quem fiquei, há anos, de marcar café...Os que gostam de mim certamente que me perdoam, certamente que sabem esperar (e sabem) mas sei que faço falta...sendo que o que me assusta é que este ritmo avassalador me faz esquecer alguns, me faz faltar no apoio que secalhar até precisam por vezes. Mas não consigo ser diferente neste momento...a minha vida é isto. Em tempo passou pela minha vida uma pessoa que me dizia: "É mais fácil dizer 'não' a quem gostamos". Na altura, chocou-me ouvir isto e perguntava como podia ela dizer isto??? Hoje, percebo que havia ali alguma razão. Sem maldade e de forma quase inconsciente, acabo por ser igual a quem me dizia aquilo...e isso faz-me sentir mal. Mas ao mesmo tempo, sinto que não tenho armas para contrariar isto. Preciso continuar a lutar pelos meus sonhos, pelos meus objectivos porque sem isso, não sou nada. O problema é que sem quem mais me apoia e gosta, também não sou nada...e isso destrói-me! A balança mexe-se. E a opção tem sido uma e acabo sempre sozinho, a viver os meus dias e objectivos, mesmo que veja algumas coisas que me são tão importantes e valorosas na vida, a ruirem aos meus pés...
São 3h26...vou partilhar algo...
Fragile sea what have i seen
My life seems a failed fantasy
They grow and they change
But inside the dreams stay the same
So let´s have a dream we'll never seen
It's obscured and sad
The same as we
I had a reaction getting strong
of facked story gone
Inside we get, we feel
Another hero, still
I can deny my own dream
And run away with the sin
It's bad time to feel
All we lost is real
And now, i cant´t relate to my dreamsImpressionante como algo escrito há 12 anos, consegue ser tão actual...São 3h48.Esta noite abri um caderno que não abria há nem sei quantos anos...e saiu isto...