segunda-feira, maio 31, 2004

All of this past...

Sinto-me estranho...Mas gosto da sonoridade desta música, da qual deixo aqui a letra e uma recomendação, apenas para quem a saiba ouvir: Oiçam-na...



« Here I go again
Slipping further away
Letting go again
Of what keeps me in place
I like it here
But it scares me to death
There is nothing here
(humming)
The light is beautiful
But I’m darker than light
And you are wonderful
But this moment is mine
All of this dust
All of this past
All of this over and gone
And never coming back
All of this forgotten
Not by me
I find comfort here
Cos I know what is lost
Hope is always fear
For the pain it may cost
And I have searched for the reason to go on
I’ve tried and I’ve tried
But it’s taking me so long
I might be better off
Closing my eyes
And God will come looking for me
In time
All of this dust
All of this past
All of this over and gone
And never coming back
All of this forgotten
Not by me
All of this dust
All of this past
All of this over and gone
And never coming back
All of this forgotten
Not by me
I can see myself
I look peaceful and pale
But underneath
I can barely inhale
I can hear myself singing that song
Over and over until it belongs to me»

Sarah Betten - «All of this past»

quinta-feira, maio 13, 2004

Outra vez te revejo...

Outra vez te revejo,
Com o coração mais longínquo, a alma menos minha.

Outra vez te revejo - Lisboa e Tejo e tudo -,
Transeunte inútil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
No castelo maldito de ter que viver...

Outra vez te revejo,
Sombra que passa através das sombras, e brilha
Um momento a uma luz fúnebre desconhecida,
E entra na noite como um rastro de barco se perde
Na água que deixa de se ouvir...

Outra vez te revejo,
Mas, ai, a mim não me revejo!
Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico,
E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim -
Um bocado de ti e de mim!

Fernando Pessoa ( Àlvaro de Campos )

terça-feira, maio 11, 2004

Nós...

Este texto não é meu, mas quando o li, fiquei emocionado e não resisti a partilhá-lo com aqueles que de vez em quando dão aqui uma vista de olhos. É muito bonito e transmite uma tristeza enorme. Sim, porque a vida não é só alegria e também existe um lado bonito na tristeza e ele está neste texto. Para quem souber apreciar...

« Um vazio... um abandono que imponho ao que está à minha volta e a mim próprio. Tenho andado a pensar em fugir, sabes? Como se isso alguma vez te preocupasse... sabes sempre onde me encontrar e que eu nunca partiria por completo.
Não sinto. Há já uns dias que não sinto... e parece que a qualquer momento vou explodir. Disseste-me há muito tempo que me odiavas, que me querias longe e que sabias que só assim o tempo podia ser tempo. Nesse dia, fui-me embora. Deixaste-me ir... lembras-te? E nenhum de nós se moveu... E eu fui-me embora... enquanto nós estávamos parados a observar a minha partida. Ficámos para sempre naquele dia... naquele quarto envolto em penumbra, onde te afagava os cabelos e te deixava dormir.
Nós permanecemos imóveis, com o passar dos anos... Nós... com outra mão sobre a minha... Nós.... com outro Homem a afagar-te os cabelos. Ficamos...
Nós... Há já uns dias que não sinto. Nada.
Já não me recordo da última vez que te vi. Já... Nada. De nós.
Outro dia, resolvi seguir-me. Deixei-te sozinha a assistir à minha partida... Enquanto ia atrás de mim. Sabes que já não sinto...Nada. Sabes que o tempo já é tempo...Já...»