quinta-feira, julho 21, 2005

Quase

Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num baixo mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor! - quase vivido...

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo... e tudo errou...
- Ai a dor de ser - quase, dor sem fim... -
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou...

Momentos de alma que desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...

Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...


Quase - Mário de Sá Carneiro
David Fonseca pergunta no novo single: Where are U? Eu faço a mesma pergunta para ela...

terça-feira, julho 12, 2005

This is the end my friend...

Curso praticamente acabado, licenciatura quase na mão, embora quem me conheça saiba que isso não é o mais importante para mim. Desligado como sou da maior parte das coisas a que todos os outros dão muito valor, passo ao lado dessas grandes vitórias apenas com um enorme sorriso interior que não gosto de exteriorizar porque sei que uma vitória normalmente equivale a 10 derrotas, por isso vivo tranquilamente este momento importante mas que não passa disso mesmo: de um momento. Daqui a 2/3 meses, se conseguir começar a estagiar não me vou lembrar muitas vezes deste momento, por isso o melhor é vivê-lo com calma, com a aquela calma com que sou muitas vezes «acusado» de viver o meu dia-a-dia e até situações de aperto. Mas pronto, a vida não pára, parece um lugar comum mas é verdade, o tempo não pára para festejarmos, quando damos por nós já há mais qualquer coisa e lá se foi a festa. Este ano, apesar de o curso ter sido uma seca, foi um ano giro, onde aprofundei conhecimentos e me aproximei mais de mim próprio. Descobri que estou farto de sair à noite, também nunca fui muito adepto mas agora acabei mesmo com o pouco que tinha, descobri a GRANDE FESTA da Comuna, essa sim a única festa que me faz estar fora da cama até depois das 2h. A Festa na Comuna foi descoberta na noite de carnaval e a partir daí, todas as primeiras 6ªs de cada mês lá estava eu, a curtir Joy Division, Kusturika e até grandes êxitos como Tom Saywer ou os 3 Mosqueteiros. Grande ambiente, pessoas alternativas, tudo muito peace and love, excelente! De resto foi um ano calmissimo, com poucos jantares de anos, baile de finalistas que até foi engraçado, principalmente por me ver de fato e gravata e por ver o António..bem...adiante..., e as emoções que o Benfica provocou ao meu coração. As «picadas» no peito quando o Mantorras marcou ao Maritimo, o stress no Estádio do Algarve com o Jorge a Rita ( obrigado mais uma vez pelo convite! ) e a choradeira no final do jogo do Bessa...momentos únicos na minha vida. De resto perdi a paciência para o msn e para conversas de «xaxa». Estou motivado para entrar no jornalismo, estou preparado para ser explorado, mas ao menos que seja explorado a fazer aquilo que gosto.
Por último, mas aquilo que foi mais importante para mim este ano: ter conhecido o Bernardo. A história dele pode ser conhecida aqui e vale muito a pena conhecê-la: http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=151376&idCanal=19 . O Bernardo fez-me perceber que todos os nossos problemas são pequenos ao pé dele e que quando achamos que somos fortes por ter resolvido algo do nosso dia-a-dia, afinal não somos nada comparados com este herói e com a mãe e o irmão. Foram incriveis comigo em termos de simpatia e incomparáveis em termos de força de vontade! Ficará sempre marcada como a minha primeira reportagem, nunca esquecerei o Bernardo. Que a vida te continue a dar o sorriso com que falaste comigo!